Uma comunidade pode ser a vantagem competitiva que o seu negócio tanto precisa

25:39Aproximadamente 22 min de leitura

Audiência não é uma comunidade e confiar somente em mídia paga pode ser uma grande armadilha para os seus resultados futuros. Neste artigo, vou te mostrar o passo a passo e cases de empresas que conquistaram milhões usando comunidade como estratégia principal. Com a queda do retorno dos investimentos em mídia paga, a necessidade de…

Audiência não é uma comunidade e confiar somente em mídia paga pode ser uma grande armadilha para os seus resultados futuros.

Neste artigo, vou te mostrar o passo a passo e cases de empresas que conquistaram milhões usando comunidade como estratégia principal.

Com a queda do retorno dos investimentos em mídia paga, a necessidade de ficar ainda mais criterioso com a alocação dos seus recursos e entender quais os canais são mais assertivos, combinando o curto e o longo prazo, pode ser a diferença entre cruzar ou não o abismo entre o estágio de early market e mainstream market.

Sendo assim, usar o engajamento entre as pessoas, além de poder ser o próprio produto, tem o potencial de alavancar qualquer outro.

Índice

  1. Intro/Contexto universal
  2. Como uma comunidade pode impactar o seu negócio
  3. Alguns tipos de comunidade
  4. Comunidade com base em usuários trazendo novos usuários
  5. Comunidade com base em audiência que vira usuário.
  6. Como saber se comunidade é uma possibilidade para o seu negócio?
  7. Ingredientes para uma comunidade saudável
  8. Choque de realidade: o que acontece no backstage
  9. O que pode dar errado?
  10. Como começar: O Community canvas pode te ajudar.
  11. Conclusão
  12. Referências

1 – Intro/Contexto universal

“não menos estranho seria fazer do homem feliz um solitário, pois ninguém escolheria a posse do mundo inteiro sob a condição de viver só, já que o homem é um ser político e está em sua natureza o viver em sociedade. Por isso, mesmo o homem bom viverá em companhia de outros, visto possuir ele as coisas que são boas por natureza” (Aristóteles em Política)

Ainda que a velocidade do mundo force um isolamento devido às longas horas dedicadas a tarefas trabalhistas e que as novas tecnologias nos possibilitem o isolamento quase completo, seguimos a tendência de nos agrupar de alguma forma, independente de ser presencialmente ou online. Estamos sempre em busca de um jeito de aliviar as tensões do dia a dia ou de encontrar companheiros que nos auxiliem em jornadas, naturais dos seres humanos. 

O agrupamento sempre infere potência ou, se preferir, fortalecimento individual e coletivo dos envolvidos.

Sem entrar no mérito da desconexão com o mundo real, vamos seguir com um olhar direcionado para o online, mesmo tendo em mente que on/off são complementares. Focaremos em casos específicos do digital, na sua aplicabilidade e na sua liberdade geográfica.

Um tipo diferente de engajamento

“Muitas organizações se importam muito com números, não com fãs. Elas se importam com cliques, quantas pessoas passaram na catraca ou menções na mídia. O que elas estão perdendo é a profundidade do envolvimento e da interconexão que os verdadeiros fãs trazem. Ao invés de sempre estarem à caça de mais um par de olhos, os líderes de verdade têm descoberto que a vitória real está em transformar um fã casual em um fã verdadeiro.” (Seth Godin em Tribos)

Os canais de social mídia aproximaram todas as pessoas, inauguraram o Marketing 3.0 e deixaram os grandes artistas de Hollywood ao alcance de uma DM.

Com o tempo, a gente passou a acreditar que criar uma grande audiência era a resposta positiva que qualquer presença digital precisa, mas a verdade é que o ponto mais alto de conexão pode ser mais profundo do que um like e se expressa através do poder da cocriação.

Enquanto a sua marca ainda pode estar presa a métricas de vaidade para tomar decisões estratégicas, saiba que tem outras focando em serem pontes entre pessoas e gerando informações valiosas com isso.

Segundo Seth Godin, as pessoas estão ávidas por fazerem parte de algo significativo e por serem lideradas nos caminhos que precisam e que acreditam, porém poucos têm a coragem e a disposição necessária para inaugurar um tema ou ser porta-voz de um grupo. Essa é uma função negligenciada que a sua marca pode ocupar. Já pensou nisso?

2 – Como uma comunidade pode impactar o seu negócio

O Community-Led Growth é uma estratégia de crescimento que se dedica a transformar os usuários em verdadeiros advogados da marca. Ela é uma estratégia que corre em cooperação com as iniciativas do marketing, mas que mantém seus próprios KPI’s, táticas e objetivos.

Construir uma comunidade implica na busca por ter pessoas engajadas em um tema/ necessidade, ajudando e se conectando de uma forma que os beneficie genuinamente. Para a empresa, a troca de vivências entre os usuários é benéfica para:

  1. o aumento do engajamento com o produto o cliente irá entrar em contato com a conquista de outros clientes e entender novas possibilidades de uso.
  2. para obter informações valiosas para a melhoria do serviço, clientes engajados ficam felizes em colaborar mostrando as falhas ou oportunidade de melhoras
  3. aumentar o LTV, a chance de recompra é muito maior.
  4. reduzir o volume de demanda no atendimento ao cliente, já que os membros tendem a se ajudar.
  5. conquistar novos clientes por um menor custo, já que podemos contar com a recomendação dos membros como um dos principais canais de aquisição. 

De Funil a Flywheel

As pessoas querem se sentir parte de algo maior do que si mesmos. Você precisa ter uma missão se quiser construir uma comunidade. Uma missão poderosa dá à sua comunidade um senso comum de propósito e os motiva a contribuir. (Trecho de Traction)

Quando falamos de CLG, falamos também de flywheel, simplesmente porque à medida que um cliente se envolve mais com a marca, o funil de marketing clássico deixa de ser capaz de contemplar o caráter de retroalimentação que uma comunidade tem.

Os estágios de um Flywheel de comunidade são:

  1. Conscientização – o cliente toma conhecimento da marca
  2. Consideração e Vendas – a marca começa a nutrir o cliente em potencial para se destacar
  3. Pós-venda – a marca continua nutrindo o cliente após a compra, criando oportunidades de networking e demonstrando valor
  4. Advocacia – o cliente recomenda a marca para seus pares, reiniciando o ciclo novamente.

Fonte: Zapinito.com

É um ciclo virtuoso que faz muito sentido para a longevidade de qualquer negócio, mas que não é muito simples para tracionar.

A grande verdade é que montar uma comunidade não é sobre colocar um monte de pessoas juntas em um mesmo lugar e esperar que elas passem a se relacionar.

Quebrar o silêncio de um grupo de pessoas e fazer com que eles desenvolvam o ritmo de engajamento com a marca e entre elas é uma missão que precisa de dedicação e muita paciência.

Por isso, uma vez que o fluxo é estabelecido, se torna uma vantagem competitiva praticamente impossível de ser copiada pelos concorrentes, já que cada grupo de pessoas desenvolve a sua própria cultura e um jeito muito específico de fazer as relações acontecerem, mesmo que a missão da sua comunidade seja similar à missão do seu concorrente.

3 – Alguns tipos de comunidade

  • As comunidades que são o próprio produto e você vende o acesso. Por exemplo, O GLA que tem a comunidade como umas das principais features do seu produto anual.
  • As comunidades em que o produto final depende do engajamento dela para existir. Por exemplo, GitHub, Wikipedia e Yelp.
  • Comunidades de usuários/ clientes que se aproximam da marca e dos outros membros, a partir da vivência do produto, e oferecem caminhos de inovação. Por exemplo, Slack, Lego e Nubank.
  • Comunidades que se originam de uma audiência muito engajada com um tema específico e coopera desde o primeiro momento para que a marca/solução seja desenvolvida. Por exemplo, Glossier, da Sallve e do Não Inviabilize.

4 – Comunidade com base em usuários trazendo novos usuários

Aqui os clientes foram o ponto original da comunidade e, mesmo que em algum momento ela tenha se tornado aberta ao público geral, os clientes sempre são os principais agentes de engajamento delas e sempre ditaram o ritmo do envolvimento dos outros participantes.

[Case] Sanar começando pelos usuários e ganhando audiência

Na Sanar nós tivemos algumas experiências voltadas para a criação de comunidade que partiam da necessidade de olhar para os clientes e aproveitar a inteligência que eles poderiam nos fornecer para o aperfeiçoamento do produto e dos canais de marketing.

Uma delas foi o Telegram da Sanar Residência Médica. Nele, criamos um canal que nasceu com a função de distribuição de conteúdo e que inicialmente recebeu somente os nossos alunos, que (comumente) evitavam Instagram e outras redes sociais que tirassem o foco dos estudos Porém não criamos barreiras e o espaço era aberto para todos que tivessem interesse em participar.

O plano era manter um contato diário por meio de atividades e mensagens que criassem proximidade e ensinamentos dos professores. Mas crescemos com a plataforma e o canal que antes servia somente para distribuição de conteúdo e coleta de pesquisas de opinião via forms, tornou-se um espaço capaz de gerar discussão entre os alunos, ajuda mútua e, com a chegada da feature que permitia o chat de voz, chegamos a realizar alguns encontros entre alunos e professores.

O espaço que começou sendo somente dos alunos transbordou e se tornou o maior canal de curso preparatório de medicina do país, com mais de 15 mil inscritos e uma taxa de abertura de 40%.

Desta experiência tiramos alguns aprendizados:

  1. A convivência entre alunos e não alunos deu ao canal um ótimo poder de conversão.
  2. Oferecer conteúdos especiais para uma comunidade aberta fez com que nossos alunos começassem a reclamar da falta de exclusividade de vantagens que poderiam colocá-los à frente da concorrência.
  3. Esse espaço poderia ter sido um ótimo ativo de vendas que agregaria mais valor ao produto final.
  4. A constância é fundamental na rotina das comunidades.

[Case] GLA transformando os membros em produtores e em um canal de aquisição

No GLA | Growth Leaders Academy, a comunidade exclusiva para membros é umas das principais features do produto anual. Roda no Whatsapp e possui vários subgrupos de recortes temáticos. Entre os membros mais engajados, existem alguns níveis de participação, que geram ativos que retornam para a comunidade como parte do produto e fazem dos membros protagonistas do produto.

Alguns exemplos dessas iniciativas de retroalimentação são:

  • Gravação com membros de grandes empresas e diferentes segmentos que possam dividir suas experiências com o mercado.
  • Produção de texto para o blog.
  • Talks que trazem membros de destaque em certos pilares de conteúdo para dividir conhecimentos em reuniões que são gravadas e disponibilizadas posteriormente.

Além desses, temos diversos outros projetos que dão protagonismo para os membros e fazem com que eles se tornem parte do que o produto tem de melhor a oferecer, que é a vivência com profissionais de ponta e conteúdos que refletem a realidade do mercado.

O produto flui da comunidade para a própria comunidade e isso traz um alto nível de envolvimento que deixa os membros à vontade para recomendar para seus pares, antes mesmo da criação de um programa de recompensa. Este é um ciclo que se renova cada vez que surgem novos membros engajados dispostos a contribuir.

Com o surgimento do programa de gamificaçã,o a intensidade de recomendação dos membros pôde ser metrificada e ficou mais intencional. Agora aqueles que colocavam em seus perfis de Linkedin que faziam parte da comunidade, ganham pontos por isso, compartilham mais em suas redes e ganham premiação exclusiva à medida que acumulam certa quantidade de pontos.

Recomendações e conselhos de colegas são mais confiáveis e autênticos do que equipes de vendas e marketing. Enquanto apenas 3% dos compradores de negócios para negócios (B2B) acham que os vendedores são confiáveis, 84% agora iniciam seu processo de compra com uma indicação. 90% das decisões de compra de B2B são influenciadas por recomendações de colegas. Zapinito.com.

Alguns aprendizados dessa experiência:

  1. Usuários que se envolvem em alto nível criam a tendência de recomendar o produto para mais pessoas.
  2. Conteúdos criados pela comunidade tendem a ser assertivos diante da necessidade dos outros membros.
  3. Ver pessoas próximas ganhando reconhecimento torna todos mais unidos em relação a eles e ao produto.

5 – Comunidade com base em audiência que vira usuário.

Aqui encontraremos uma característica frequente que não é uma regra, mas que ajuda a entender o sistema e a encontrar novas oportunidades. 

Tudo começa com projetos que não tinham a intenção de se tornar comunidade, mas, sim, de projetar a voz e a ideia de alguém conquistando uma audiência relevante e criando um brand pessoal.

Lembra quando mencionei que as pessoas querem se sentir parte de algo e como estão carentes de líderes? Nesse formato é onde esse pensamento mais prepondera. Alguém se levanta em direção à liderança de um assunto específico, ganha muito destaque na sua área e torna-se uma espécie de porta voz e referência de um determinado assunto.

Depois de algum tempo construindo a sua influência de diversas formas, essas pessoas conquistam os seus brand lovers que são nada mais, nada menos que fãs dispostos a seguir e cooperarem sempre que necessário.

E quando falamos sobre produtores de conteúdo como blogs e vlogs podemos levar em consideração a seguinte afirmativa da Jill Avery.

“Given is as important as taken: Primeiro dê conteúdo e depois absorva”

Jill Avery é uma professora da escola de negócios de Harvard, especializada em psicologia do consumidor, que produziu recentemente o estudo de caso de uma marca chamada Glossier, criada pela beauty influencer e executiva Emily Weiss.

Nele, ela traz toda estratégia utilizada para o surgimento da marca e de cada um dos seus produtos. Segundo ela, a chave para entender como transformar uma audiência fiel em uma comunidade de consumidores é:

“Elevar o poder da comunidade e da conversa, e usar conteúdo não somente para ditar, mas para aprender sobre a sua audiência e saber melhor quem ela é” 

Assim, você consegue a oportunidade de saber exatamente do que o seu público precisa e abre portas para a cocriação de produtos que já nascem de uma necessidade real.

[Case] Glossier e Sallve e o modus das influenciadoras de negócios

Enquanto uma é brasileira, a outra é de origem americana, mas ambas desenharam praticamente o mesmo case, seguindo o mesmo modus operandi.

Na Glossier, Inc. temos a Emily Weiss e na Sallve temos a Julia Petit.

Percebemos que, em vez de lançar o produto e só depois apresentá-lo, seria mais interessante descobrir o que o público deseja, e só aí lançar os itens. Temos ideia do que falta no mercado brasileiro, mas não há nada mais legal do que distribuir o que faltava para aquele grupo de pessoas. Julia Petit

Ambas influencers surgiram ensinando maquiagem na internet e lideraram por muitos anos blogs de moda que ditaram tendências no setor. Ambas utilizaram a audiência que conquistaram ao longo dos anos para adquirir insights de quais produtos eram interessantes para elas, quais as necessidades e rotinas de consumo e usaram também a sua própria comunidade como base de teste e validação dos lançamentos.

Também em ambos os casos as marcas que surgiram pela força de um nome específico conseguiram crescer pela qualidade dos produtos e não necessariamente se mantiveram presas ao nome fundador.

Você pode conhecer mais sobre a história da Sallve neste episódio do Deep Growth feito com a Márcia Netto, Co-Founder e Diretora da empresa.

Para conhecer mais sobre o case da Glossier pode ver o estudo de caso Aqui:

Nota do escritor:

Sem nenhum jabá envolvido, depois que passei a usar a Sallve não cogito mais nenhum outro produto e sim…a Julia foi um personagem importante na minha adolescência.

[Case] Fluency e a revolução dos influencers de idiomas.

Tudo começou com o Rahvi Carneiro ensinando idiomas pela internet e ganhando relevância o suficiente para se deparar com o problema de não ter horas no dia o suficiente para dar aula para todo mundo que gostaria de aprender com ele. Como resposta ao desejo de trazer mais escalabilidade ao negócio, veio o seu sócio Finn e juntos deram início a Fluency Academy

Mas onde entra a história da comunidade?

Bom, eles estão aqui porque atualmente a estratégia deles é produzir cursos com professores que já possuem grande audiência na internet, e assim, transformam todas as audiências de seus embaixadores/ professores em um público pronto para converter a partir de uma pessoa que eles já conhecem, confiam e que normalmente não teriam oportunidade de tê-los como professores particulares.

Assim o Rhavi resolveu o seu próprio problema de escalabilidade e os dos outros professores também com o bônus de não terem nem a metade dos desafios de estrutura que implica começar um curso sozinho.

A parte de comunidade funciona de uma forma um pouco diferente.

  1. Comunidade de líderes – Vem da união e cocriação dos professores que trouxeram para o guarda-chuva deles, é como um megazord (referência a Power Rangers) de comunidades que se comunicam através de seus líderes.
  2. Comunidade de alunos – Dentro do produto eles oferecem e incentivam o uso de um fórum para que os alunos possam compartilhar suas angústias com o time e entre eles. A ideia é que tendo parceiros de estudos a retenção e o engajamento com o material possa ser maior.

Nota do autor:

Eu também sou heavy user deste produto e entrei por fortes recomendações e amor a Teacher Paula <3. Atualmente aprendo dois idiomas com eles e recomendo sim.

6 – Como saber se comunidade é uma possibilidade para o seu negócio?

Bem, essa resposta depende muito das 3 perguntas abaixo que você deve encarar como um exercício de autoexame.

1 – O quanto você é relevante dentro do seu segmento?

Aqui não necessariamente estou falando de marcas famosas ou empresas e pessoas consolidadas. O foco é no seu posicionamento como marca, no seu propósito, na sua bandeira.

As suas ideias e propostas são fortes, únicas e possuem pessoas que acreditam nelas?

Exemplo:

O Nubank se posiciona como um banco sem letras miúdas que ajuda genuinamente na educação financeira.

2 – O quão disposto você está a investir em estratégias de longo prazo? 

Lembre-se que o efeito de retroalimentação do modelo flywheel demanda tempo e esforço para ser atingido. O quão está disposto a investir tempo e equipe para fazer com que esse pilar estratégico encontre bons resultados no tempo que realmente precisa?

Exemplo:

O projeto Não Inviabilize – Podcast nasceu criando threads de histórias reais e malucas no Twitter, evoluiu para o que hoje é um dos maiores podcasts do Brasil, mas não deixou para trás a iniciativa que criou no Telegram há mais de 6 anos atrás.

Agora com moderadores e ainda mais organizado, o espaço para que as pessoas conversem sobre cada episódio continua de pé e mais vivo do que nunca. É uma comunidade onde desconhecidos fofocam e dão conselhos de vida para outros desconhecidos que voluntariamente dividem as suas histórias mais bizarras.

3 – Os seus clientes já buscam espaço de cocriação de forma espontânea?

Há aqueles membros que se oferecem para resolver um problema que eles mesmos detectaram. Há, ainda, quele outro que aparece mandando um review de como algo poderia ser feito melhor, ou até mesmo o produtor de memes que se sente inspirado pelo que a sua marca significa para ele.

Esses comportamentos refletem um terreno fértil que muitas vezes não damos o devido valor, mas que são fundamentais para fazer qualquer comunidade prosperar. 

Isso faz parte do sentimento de pertencimento e da descentralização do poder que faz de um grupo de pessoas uma real comunidade.

Evento com membro da comunidade do GLA

7 – Ingredientes para uma comunidade saudável

Assim como tudo que se trata de comportamento humano, criar uma comunidade não tem uma fórmula infalível, mas tem alguns caminhos que já foram percorridos algumas vezes (até por mim mesma) e que se mostraram eficientes na maioria das tentativas.

A seguir vou compartilhar alguns deles com vocês.

  • Um bom motivo para todos estarem juntos.

As pessoas somente precisam de pretextos para fazerem parte de um grupo que virá a ser uma comunidade, mas a correspondência entre expectativa e realidade determina a permanência e o engajamento.

Por exemplo: Se eu entrar em um grupo de transição de carreira espero encontrar e me relacionar com pessoas que estejam na mesma rota que eu, obter informações privilegiadas em relação ao meu objetivo e quem sabe, encontrar algumas vagas que possam me ajudar a concretizar meu sonho.

  • Ritmo, ritual e formatos bem definidos.

Este alinhamento entrega para o membro o que ele pode esperar da comunidade e como se organizar para participar da forma que gostaria.

Por exemplo: No GLA, em toda última sexta do mês temos Happy Hour presencial e os membros já se organizam para isso.  Quando um novo membro entra, ele precisa se apresentar e contar uma história engraçada sobre si. E toda terça-feira compartilhamos vagas em nosso canal de avisos.

Com isso, os membros vão aprendendo a seguir um flow que case com o que eles querem aproveitar da comunidade.

  • Incentivos e premiações exclusivas para o grupo

Privilégios que são ganhos simplesmente por estarem no grupo certo ou privilégios que são conquistados por estarem colaborando de uma forma pré-acordada. 

Além de motivar o engajamento, imprime uma percepção de valor que cresce à medida que os impactos dessas ações são sentidos através do “somente para membros”

Sua estratégia atinge público interno e externo e retroalimenta todo o seu fluxo de crescimento.

Exemplo de privilégios: Ingressos com desconto, convites exclusivos, encontros fechados, adesivos e etc.

  • Líderes e cocriadores trabalhando juntos.

A abertura para a cocriação permite que a liderança tenha mais aliados na manutenção de uma comunidade ativa. Isso porque indivíduos têm diferentes períodos na vida onde se dedicam menos ou mais a participação de comunidades. Deixar somente um pequeno grupo com a função de cocriar é arriscar que a sua comunidade saia de ativa para inativa com muita velocidade.

Gráfico por Fabian Pfortmüller

  • Definição de regras e alinhamento cultural

As regras vão determinar como tratamos os conflitos e o que esperamos do comportamento dos nossos membros, deixando claro a nossa força e não tolerância em relação a xyz. 

A cultura, assim como em qualquer outro ambiente, se estabelece através do exemplo das lideranças e se desenvolve através da aderência e colaboração dos outros.

Por exemplo: Como a comunidade se comporta com um membro que traz um problema que para ele é muito aflitivo, mas que para os outros é extremamente fácil?

  1. Debocha de quem perguntou e chama de amador?
  2. Se dispõe a ajudar e assegura que é algo simples de resolver?
  3. Nem responde porque não vale a pena?

As 3 possibilidades são possíveis de acontecer e o que determina como será o comportamento do grupo é a posição das lideranças em relação a isso. Se a tendência é ser acolhedor e paciente, esse comportamento tende a ser replicado pelos demais membros.

8 – Choque de realidade: o que acontece no backstage

Os ingredientes que coloquei acima não se aplicam e nem ganham tração sozinhos. Para as coisas começarem a funcionar é preciso muito trabalho de backstage para criar o ritmo e a cultura que queremos. Para exemplifica,r vou dividir algumas das coisas que fazemos no GLA.

  • Para criar a cultura de acolhimento e ajuda mútua.

No começo conversávamos com os membros no privado e descobríamos quais dúvidas eles possuíam, frutos dos desafios que estão vivendo no momento, e assim, pedíamos para que publicassem suas questões no grupo. Uma vez que a dúvida já estava pública, corríamos para encontrar algum outro membro que pudesse oferecer a resposta e, se não tivesse ninguém disponível, os líderes respondiam com a maior riqueza de detalhes possível.

Hoje, esse esforço não é mais tão necessário, já que todos estão bem alinhados com a nossa cultura. O esforço maior é o de não deixar nenhuma pergunta passar batido no meio das outras conversas.

  • Para manter o grupo em movimento

Construir um bom grupo não é somente sobre ter pessoas falando o tempo inteiro, e sim sobre manter os assuntos relevantes e condizentes com a promessa da comunidade.

Para isso, temos um trabalho de curadoria de temas que são ou ainda vão ser relevantes no mercado e compartilhamos com a intenção de deixar a conversa com barra alta e oferecer conhecimento de qualidade para todos os níveis de participantes.

Mas não é sobre encontrar um artigo e jogar o link no grupo, é sobre ler sobre o tema e traduzi-lo em uma provocação que traga os membros para refletirem e expressarem as suas opiniões sobre ele.

  • Para estimular a cocriação

Dificilmente algum membro vai simplesmente levantar a mão e dizer que quer participar de alguma das nossas iniciativas. O que fazemos é praticamente um trabalho de coolhunter, que observa as conversas e ,assim que algum membro se destaca na colaboração em relação a algum assunto específico, convidamos eles a cocriar com a gente, liderando um talk ou gravando uma aula.

9 – O que pode dar errado?

No geral, o caminho do erro na condução de um projeto de comunidade leva ao floop. Isso mesmo, inatividade e morte de um grupo que às vezes nem nasceu. Abaixo, vou explorar algumas questões que podem conduzir à morte prematura do seu projeto.

  • Uma comunidade desprende muito investimento e precisa de tempo. Os resultados não surgem do dia para a noite.
  • Acreditar que comunidade é só mais um espaço para vender e tratar como mais um canal de marketing.
  • Não recrutar os membros certos desde o primeiro momento, nem sempre os mais engajados da audiência serão aqueles que irão gostar de cocriar contigo em uma comunidade.
  • Não ter uma pessoa dedicada para cuidar desse pilar e não alinhar com outras partes da empresa sua existência e relevância.
  • Escolher o lugar errado para abrigar a sua comunidade é fatal. Hoje o que não faltam são opções, mas é preciso entender muito bem o perfil do seu cliente antes de sair pagando caro por plataformas de comunidade que não atendem ao que o seu membro precisa.

10 – Como começar: O Community canvas pode te ajudar.

O Community Canvas é uma ferramenta estratégica para a gestão de comunidades online. Ele foi desenvolvido para ajudar empresas a construir e manter comunidades vibrantes e engajadas ao redor de seus produtos, serviços ou causas. Ele é composto por nove elementos-chave, incluindo propósito, membros, estrutura, governança, atividades, rituais, recursos, narrativa e resultados. Cada elemento é projetado para guiar a criação de uma comunidade robusta e sustentável.

https://community-canvas.org/

Utilizando a ferramenta, a empresa poderá mapear e planejar estrategicamente cada aspecto da comunidade, desde a definição de propósito e identificação dos membros-alvo, até a criação de rituais e atividades específicas que promovam o engajamento e a participação ativa dos membros. Além disso, o Community Canvas ajuda a estabelecer uma governança clara, definir recursos necessários, contar uma narrativa envolvente e medir resultados para avaliá-los.

Para entender melhor como utilizar, você pode acessar o site especializado e encontrar vários outros canvas complementares, além de um passo a passo que com certeza vai ajudar você a sua equipe.

11 – Conclusão

  • Criar uma comunidade pode ser uma grande oportunidade para o seu negócio, mas é preciso olhar com seriedade e comprometimento para o projeto, sabendo que os resultados não serão conquistados do dia para a noite. Unir pessoas em torno de um objetivo com foco em um interesse genuíno e transparente é um diferencial muito difícil de ser replicado e tem o poder de elevar a sua marca de diversas formas diferentes 

12 – Referências

Sobre Jéssica Reis
“Algumas pessoas têm a habilidade de ter boas ideias e outras têm a habilidade de trazer essas ideias para a realidade. Com + de 10 anos de experiência sou uma profissional generalista pertencente aos dois grupos, que consegue identificar bons insights, transformá-los em projetos estruturados e executá-los à frente de equipes dos mais diversos perfis.”
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